sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Indicações reais e "fictícias" para a cesárea

O Brasil  é recordista em números de cesárea. Para tentar desmitificar e mostrar às grávidas quais as reais e falsas indicações, a Dra Melania Amorim, obstetra, professora universitária e pesquisadora, criou uma lista com indicações precisas e reais para uma cesárea e as indicações geralmente usadas de modo errôneo. 

Essa lista é para ler, reler e divulgar.

INDICAÇÕES REAIS


1) Prolapso de cordão – com dilatação não completa; 
2) Descolamento prematuro da placenta com feto vivo – fora do período expulsivo; 
3) Placenta prévia completa (total ou centro-parcial); 
4) Apresentação córmica (situação transversa); 
5) Ruptura de vasa praevia; 
6) Herpes genital com lesão ativa no momento em que se inicia o trabalho de parto.

PODEM ACONTECER, PORÉM FREQUENTEMENTE SÃO DIAGNOSTICADAS DE FORMA EQUIVOCADA


1) Desproporção cefalopélvica (o diagnóstico só é possível intraparto, através de partograma e não pode ser antecipado durante a gravidez); 
2) Sofrimento fetal agudo (o termo mais correto atualmente é "freqüência cardíaca fetal não-tranqüilizadora", exatamente para evitar diagnósticos equivocados baseados tão-somente em padrões anômalos de freqüência cardíaca fetal); 
3) Parada de progressão que não resolve com as medidas habituais (correção da hipoatividade uterina, amniotomia), ultrapassando a linha de ação do partograma. Pode ocorrer parada secundária da dilatação ou parada secundária da descida.

SITUAÇÕES ESPECIAIS EM QUE A CONDUTA DEVE SER INDIVIDUALIZADA, CONSIDERANDO-SE AS PECULIARIDADES DE CADA CASO E AS EXPECTATIVAS DA GESTANTE, APÓS INFORMAÇÃO


1) Apresentação pélvica; 
2) Duas ou mais cesáreas anteriores (o risco potencial de uma ruptura uterina – em torno de 1% - deve ser pesado contra os riscos de se repetir a cesariana, que variam desde lesão vesical até hemorragia, infecção e maior chance de histerectomia); 
3) HIV-AIDS (cesariana eletiva indicada se HIV + com contagem de CD4 baixa ou desconhecida e/ou carga viral acima de 1.000 cópias ou desconhecida); em franco trabalho de parto e na presença de ruptura de membranas, individualizar casos.

Algumas desculpas frequentemente utilizadas pelos profissionais para realizar uma DESNEcesárea
1. Circular de cordão, uma, duas ou três “voltas” (campeoníssima – essa conta com a cumplicidade dos ultrassonografistas e o diagnóstico do número de voltas é absolutamente nebuloso) 
2. Pressão alta 
3. Pressão baixa 
4. Bebê que não encaixa antes do trabalho de parto 
5. Diagnóstico de desproporção cefalopélvica sem sequer a gestante ter entrado em trabalho de parto 
6. Bolsa rota (o limite de horas é variável, para vários obstetras basta NÃO estar em trabalho de parto quando a bolsa rompe) 
7. “Passou do tempo” (diagnóstico bastante impreciso que envolve aparentemente qualquer idade gestacional a partir de 39 semanas) 
8. Trabalho de parto prematuro 
9. Grumos no líquido amniótico 
10. Hemorroidas 
11. HPV (só há indicação de cesárea se há grandes condilomas obstruindo o canal de parto) 
12. Placenta grau III 
13. Qualquer grau de placenta 
14. Incisura nas artérias uterinas (aliás, pra que doppler em uma gravidez normal?) 
15. Aceleração dos batimentos fetais 
16. Cálculo renal 
17. Dorso à direita 
18. Baixa estatura materna 
19. Baixo ganho ponderal materno/mãe de baixo peso 
20. Obesidade materna

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