Hoje em conversa com uma amiga, lembrei desse texto maravilhoso que li no site Vila Mamífera (muito bom, recomendo gente!) e resolvi postar aqui também, pois sempre nos culpamos porque a fralda vazou, porque ele gorfou, porque seu filho mais velho teve cáries, porque ele caiu, porque tomou sol demais, porque o pernilongo o picou... enfim, somos tão culpadas assim? Porque não somos como as mães do comercial de margarina? Ou aquelas das novelas, ou as super mães das telinhas de cinema? Será que Deus em sua infinita sabedoria nos deu um filho que não temos capacidade de cuidar? Será que nossos instintos são são o bastante? Será que exite uma mãe modelo ou um modelo de mãe?
Fonte: http://vilamamifera.com/mamiferas/gisele-bundchen-os-modelos-de-mae-e-a-maternidade-ativa/
Muitas amigas vieram comentar comigo a capa (supostamente) bacana de uma revista de celebridades, que esta semana estampou a modelo Gisele Bündchen com seus dois filhos no colo, por trás da estridente manchete em letras garrafais: ‘mãe modelo’. Gisele, como (quase todos) já sabemos, é adepta do parto natural e domiciliar, do aleitamento materno, da maternidade ativa, afetiva e consciente, e tudo mais.
Correndo o risco de ser considerada a chata-de-plantão-que-nunca-está-satisfeita-com-coisa-nenhuma, já vou dizendo que torci o nariz, #prontofalei. Mas eu explico: para além do (infame) trocadilho do título da matéria com a profissão de Gisele, a grande pisada no tomate da capa em questão (já adianto que não li a matéria e nem vou, falo apenas da chamada e da ideia vendida ali) é cair no (pisado e repisado) equívoco de personalizar um modelo materno, querendo definir o que seria a (óóóh) ‘mãe ideal’.
Equívoco, porque a gente já está mais do que careca de saber que isso não existe, é a maior balela, o maior tiro no pé, roubada das grandes, mesmo. Essa coisa de querer criar um ‘check-list’ da mãe bacana-natureba-orgânica-humanizada-cool-mamífera-roots-blábláblá. Piração, das boas.
Equívoco, porque como (quase todos) já sabemos, não existe ‘A’ mãe ideal. Existe a mãe que eu quero ser. E a mãe que você quer ser. E a mãe que a sua melhor amiga quer ser. E a mãe que a prima da vizinha da cunhada do padeiro quer ser. E existem escolhas. Existem caminhos. Existem possibilidades. E estampar uma mãe – Gisele, Francisca ou Maria, não importa – e conceder a ela o título de ‘mãe modelo’ reforça a ideia, totalmente errada, de que há um único jeito de maternar com consciência, com protagonismo, com afeto e responsabilidade.
Equívoco, porque cada mãe faz as escolhas possíveis dentro da própria realidade, levando em conta as suas prioridades, crenças, desejos, possibilidades, limitações – todos pessoais e intransferíveis. E como (quase todos) já sabemos, a maternidade (e aliás, a vida, em última instância) não é pista de corrida, não tem troféu nem pódio esperando pelo vencedor. A competição está na cabeça de cada uma, e em nenhum outro lugar. E esse papo de ‘mãe-modelo-de-qualquer-coisa’ acaba servindo só para reforçar animosidades, acirrar disputas, despertar inseguranças. Nada de bom, nada que ajude.
Equívoco, porque querer eleger um modelo (de maternidade, ou de qualquer outra coisa) faz esquecer que dentro de cada caminhada há escorregadelas, concessões, desvios e conquistas. Em todas as histórias, sem escapar uma. Você – é, você mesma, que me lê agora – certamente tem, neste ou naquele quesito, atitudes teoricamente mais ‘mamíferas’ do que as minhas, ou do que as da Gisele. E vice-versa. Eu, na minha caminhada materna de todos os dias, elejo aquilo que é importante. Como você faz também, vendo as coisas pelos seus olhos. E como fazem a Gisele, e a Francisca, e a Maria. Certas coisas serão fundamentais para mim, dispensáveis para você. E aquelas das quais você nem pensaria em abrir mão, talvez passem batido por mim. Certo? Errado? Nossa, tem tanta maravilha entre uma coisa e outra!
Pensemos em Gisele Bündchen, a modelo-mãe, a mãe-modelo, ou como queiram. Ela pariu em casa, amamentou, carrega no sling e blábláblá – e nesses pontos, #tamojunto. Mas ela, até onde eu sei, usa fraldas de pano (lembro de ter lido sobre isso em algum lugar, desculpem-me a falta de memória que me impossibilita de citar a fonte), coisa que eu não cogitei fazer, com nenhuma das três filhas. Em que isso a faz melhor do que eu? Em absolutamente nada. Eu, por outro lado, não furei a orelha das minhas meninas, como forma de respeitar seu corpo, de evitar intervenções desnecessárias. Gisele furou as orelhas da filha caçula. Em que isso me faz melhor do que ela? Em absolutamente nada.
Eu daqui, ela de lá (ela com uma conta bancária beeeeeem mais polpuda do que a minha, mas isso não vem ao caso!), vamos fazendo nossas escolhas. Caminhando da melhor maneira possível. Elegendo o que é importante, deixando algumas coisas de lado, num esforço consciente e determinado de todos os dias para vivenciar uma maternidade ativa, empoderada, consciente, amorosa. Não tem melhor, e não tem pior. Tem o meu, o dela, tem o seu e tem o do outro. Simples assim.
Modelos, para qualquer coisa na vida, são uma grande furada. Porque seres humanos são incomparáveis – nisto reside a nossa maior beleza. Querer enquadrar uma infinidade de pessoas diferentes, todas únicas em suas especificidades, em um modelo único, é limitar o que não pede limite – aliás, o que fica muito mais bonito sem qualquer tipo de limitação.
O único modelo de maternidade que você deve se esforçar para seguir é aquele que você enxerga quando olha no espelho de coração aberto: a melhor mãe que você pode ser. Isso não significa, de modo algum, ‘largar mão’ e fazer de qualquer jeito – significa apenas saber o que é importante para a mãe que você quer ser, eleger as suas prioridades (suas, e de mais ninguém) e batalhar por elas.
Então, por favor: menos modelos de mãe, e mais mães de cara limpa, de coração aberto, sem medo de mergulhar na experiência e cheias de vontade de dar o melhor de si. Bem mais bacana, né?
Sou uma mãe que como a maioria, vive cheia de neuroses sobre esse complexo mundo da maternidade, então pensei: porque não compartilhar tudo que fico matutando? Vou postar tudo que descobri/vivi na gestação e também o dia a dia de novidades, dúvidas e felicidades que tenho ao lado dos meus filhos Luan e Lucas!
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